Thursday, January 19, 2006

sure you do.

nunca assisti um filme que me deixasse numa situação tão desconfortável como aquela em que eu estava ontem. foi uma junção de elementos que fez com que eu me sentisse assim, a começar por não estar esperando de forma alguma que um filme chamado 'tudo em família' pudesse ser tão malígno a este ponto.
a princípio, se você nunca passou por aquela situação, vai rir, como todos no cinema fizeram, aliás, todo gargalhavam. mais um ponto contribuindo para que eu fosse a menor das criaturas dentro daquela sala enorme.
o filme conta a história da meredith, uma pessoa normal: uma mulher inteligente, bem sucedida, elegante, com alguns traumas na vida e muito nervosa porque vai conhecer a família do seu noivo.
eu queria só abrir uns parêntesis aqui: eu nunca poderia viver dessa forma. nunca. eu ia morrer. como assim você namora uma pessoa durante 3 anos e escolhe o natal para apresentar o seu amado para a família inteira, toda junta? a situação já é difícil por si só. e não me diga que eu sou fresca, que eu devia saber desenrolar e que essa é uma coisa normal porque não é.
enfim, não vou contar o resto do filme mas posso dizer que, com certeza, a grande parte das pessoas deve achar engraçadíssimo o jeito com que a meredith se porta na casa, fica constragida, fica sem conseguir se expressar corretamente e etc etc etc. lógico que esse filme tinha que ser um mix de tudo que pode dar errado quando você vai conhecer a família do seu parceiro.
na verdade, começo a achar que ele é uma espécie de sinal. tipo: tá vendo o que acontece? não faça isso!
algumas pessoas podem achar muito estranho estar lendo no meu blog uma coisa dessas. logo eu que sou tãããão extrovertida, espansiva, simpática, doidinha e sei lá o quê. pois saibem vocês que assim, na medida do possível, eu sou sim, do 'meu jeito' na maior parte do tempo, mas existem lugares e ambientes que você não pode, feliz ou infelizmente, ser totalmente do seu jeito. é como a sociedade funciona, não é? você não vai de bermuda para um casamento na catedral. você não enche a cara no churrasco de aniversário da sua avó que odeia bebida alcólica. você fala baixo no consultório médico. são pequenas regrinhas para que não haja constrangimento, o pior sentimento do mundo.
o que eu achei mais chato no filme todo é que ninguém entendeu que a meredith queria agradar e agradar não quer dizer que você não tenha personalidade e não esteja sendo você. é como um primeiro encontro. você cuida pra ir com uma roupa legal, um perfume legal, marca num lugar legal e tenta mostrar coisas boas sobre você. você não chega lá e começa a dizer que rói as unhas e que é cri-cri e que não gosta de música brasileira, e que odeia chocolate e dorme todo dia as 20h. o pessoal faz uma crítaca à menina porque ela está o tempo todo tentando. tentando mostrar as qualidades que ela tem. lógico que ela tem defeitos, mas também é lógico que ela não vai destacar isso numa reunião de família. me poupe. além do mais quando a família inteira, inclusive o noivo, não ajudam. ela fica se sentindo super mal, achando que todos a odeiam. é péssimo.
o filme acaba por ter um final absurdamente cliché e sem graça. apesar de todo o meu desconforto, eu estava até admirando o filme por tratar de algo que realmente acontece na nossa vida. claro que no filme estava sendo posto de forma extravagante e exagerada, mas era uma situação real. aí, do nada, o diretor resolveu fazer um filme bonitinho: os opostos se atraem e fica tudo lindo e maravilhoso.
a pior cena é uma na mesa de jantar. eu chorei. sério. eu me vi toda enrolada nas minhas palavras daquele jeito. dica número um: nunca jamais ever discuta assuntos polêmicos com pessoas que você não conhece. aliás, nunca discuta assuntos polêmicos. assuntos polêmicos levam as pessoas à discussões irrelevantes, geram euforia, histeria e podem evoluir para uma briga e, consequentemente, uma situação muito constragedora. e isso, é tudo que você deve tentar evistar na sua vida.
bom, para quem estava esperando mais uma quarta-feira light, com um cineminha no fim do dia, me dei mal. saí do filme pensando em como as pessoas just don't get it. em cinco minutos de filme eu já saberia como lidar com a meredith e faria tudo para que ela se sentisse confortável. mas nem o noivo, que convivia com ela every single day, não conseguiu perceber que ela estava travada, que precisava de uma ajuda, um pequeno apoio, incentivo, que não custa absolutamente nada. as pessoas são assim. um pouco egocêntricas. não têm o hábito de colocar-se no lugar do outro.
eu vivo dizendo e vivo evitando situações embaraçosas e e vivo preocupada com não criar alguma. o povo me critica porque eu sempre quero analisar todos os pontos de vista possíveis e imagináveis para uma situação, porque eu banco a advogada do diabo. é parte do meu estresse diário e ocupa muito espaço nas minha preocupações. é a vida. existem aqueles que vão dizer que é perda de tempo, que você tem que aprender a se sair, que você tem é que ser você mesmo e os outros vão gostar de você ou não e pronto. mas tem essa situação lá no filme também. quando a meredith diz que não liga para se gostam dela ou não, a resposta é rápida e certeira: sure you do.
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e escrever um texto desses ouvindo 'this is the last time (keane) no repeat é mais de matar ainda.
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só uma observação muito importante e nada a ver com o texto mas que não poderia faltar de jeito nenhum: hoje, 19 de janeiro, é aniversário da kita! liguem pra ela, apareçam na caixa e vamo marcar uma farra pra todo mundo relembrar como a érica é, afinal, faz tempo, né? :P

2 Comments:

At January 22, 2006 , Blogger Pandrea said...

Sam, eu entendo exatamente o q vc disse. .. =************

 
At January 24, 2006 , Blogger patty_boyd said...

Nem me fala como é horrível não conseguir ser você na hora de tentar agradar. E o pior é nunca achar que está conseguindo.
Beijo pra ti.

 

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