Tuesday, October 04, 2005

dos sentimentos que eu não criei

hoje eu sinto falta de todas as vezes que meus pais não foram me ver dançar, cantar, representar, enfim, não foram assistir qualquer interpretação artística minha no colégio ou em caa mesmo, sei lá.
quando eu era mais nova eu fingia que não era importante e pedia que eles não dessem muita bola pra essas coisas, que era besteira e que daria trabalho. isso tudo porque eu já estava nervosa o suficiente e talvez eles achassem ridícula a minha apresentação. eu não queria ver a decepção na cara dos meus pais.
hoje, eu morro de chamá-los para assistir alguma coisa que me interessa ou da qual eu participei e raramente eles aparecem. e se aparecem dá pra notar nitidamente que eles estão lá mais por consideração a mim do que por qualquer outra coisa. dá vontade de chorar.
quando minhas irmãs fazem qualquer coisa, nem que seja cantar desafinado ou desenhar um sol todo tremido num papel, elas correm pra mostrar a grande obra pros pais. e eles ficam completamente impressionados com o talento das filhotas.
e daí vem várias outras coisas como: a samantha sempre pode esperar duas horas pra gente ir buscar, mas as meninas não. a samantha pode se virar, mas as meninas não. a samantha não tem frescura com isso não, mas as meninas. viu? as meninas. a samantha. blocos. com umas paredes enormes separando.
um dos sentimentos que eu não criei.
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hoje eu sinto falta de alguém me elogiar em relação a alguns aspectos. como eu sempre fui muito trancada e fingia não ser, a minha imagem para as pessoas era a de que eu era muito bem resolvida e de que eu não preciso da opinião de ninguém. nunca perguntei se a minha roupa estava boa, se o cabelo tava bonito ou se a maquiagem tava combinando. eu simplesmente me arrumava e pronto, passava reto. quem achasse bonito ótimo. bullshit. hoje, quando eu invento de me arrumar de uma forma diferente do comum, fico esperando que alguém manifeste algum tipo de opinião sobre isso e... silêncio. e se eu peço ajuda pra comprar alguma coisa, alguém se habilita? não. a samantha resolve tudo sozinha.
dos sentimentos que eu não criei, mais um.
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sabe aquela pessoa que fala com todo mundo e na verdade não tem ninguém? comecei a sentir falta dos meus amigos do colégio quando vi que boa parte deles ainda se encontrava vez por outra e eu nem sabia direito. não tenho muitos amigos da infância comigo. isso porque eu era daquelas alunas supermegaultrahiper sociáveis que conhecia todo mundo de todas as séries e me dava melhor com o pessoal mais velho. fazia parte do grêmio toda vez e sempre era eleita representante ou vice-representante da turma. o que eu ganhei com isso? sinceramente? faço a menor idéia. acho que quase nada. boa parte dos meus amigos não se sente muito próximo de mim. aparentemente eu tenho uma distância mínima permitida e ninguém pode ultrapassar a faixa branca deste espaço. reclamam que eu não ligo o suficiente, que é tanta gente pra eu dar atenção que eu acabo não dando atenção a ninguém. e quando eu preciso (ou não preciso), cadê a minha atenção, o meu abraço, o meu telefonema antes que eu comece a chorar denovo, a minha volta pra desopilar do estresse, a minha cerveja e piadas pra fingir que amanhã vai ser diferente? não tem.
eu não criei este sentimento também.
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e tem tantos outros. uma vez um cara me disse que sentimento é uma questão de atitude e me explicou porquê. na verdade, no começo, parecia aquela história de que 'se você der amor você recebe amor'. não é bem assim, mas é quase assim. tem certas coisas que você pode plantar. e certos sentimentos dá pra criar, ou cuidar pra que cresçam com algumas atitudes na vida. eu sou daquelas pessoas que mais dia menos dia vai se distanciando dos outros. mas não é porque eu quero isso conscientemente. alguns até acham que eu enjôo, ou que não tenho paciência ou que eu não presto mesmo e só falo com quem me interessa. na verdade, foi tudo questão de atitude. eu quis conquistar as pessoas com as ferramentas erradas, ou só com ferramentas não tão certas e aí, acaba que uma hora tudo se perde. e eu fico, em algumas outras oportunidades, achando que dou atenção demais, que eu não recebo o que eu preciso, que eu dediquei tanto pra não ter nada em troca. acaba sendo um ciclo, e o culpado nunca aparece. e se aparecer, acaba que é uma de mim.
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àqueles que há tempos insistem em continuar comigo, nem que seja só um pouquinho: não sei nem o que dizer. é muita coisa e eu não sei me expressar. se eu soubesse e conseguisse eu não tremia tanto, bebia tanto, chorava tanto e falava tanta besteira. e sim, eu sou carente dessas coisas. àquela que quis ser independente e bem resolvida, acabou sendo mais dependente de todas, intropectiva pro que não deve, querendo o que não consegue pedir e, lógico, querendo que as pessoas adivinhem.
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todo dia eu tento. todo dia eu não consigo. até chegar o dia em que eu vou desistir. quer dizer, conseguir.
conseguir o que eu quero ou conseguir desistir da idéia do que eu quero e querer o que eu tenho.
é como aquele martelinho do filme 'um sonho de liberdade'.
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"'cause i know i'm a mess he don't wanna clean up. i got to fold 'cause these hands are too shaky to hold.
hunger hurts, but starving works, when it costs too much to love."

6 Comments:

At October 04, 2005 , Blogger FoundDeath said...

Too much spam...

"...and when I pause for a breath
I see millions like me..."
Katatonia - Clean Today

;****************³
this is for today...

[]´s

 
At October 04, 2005 , Anonymous Anonymous said...

...
=/

 
At October 06, 2005 , Anonymous Anonymous said...

Oie, Samaninha.. Engraçado (?) como esse post foi claro, sabe?Senti direitinho o q acho q vc tah sentindo.. Gosto muito de vc, viu? A gente se acha só numa multidão, algumas vezes.. E pequenas palavras, um sorriso ou um papo salvam nosso dia... Quando a gente precisa de algo, deve dizer claramente... pq nem sempre os outros entendem os sinais.. e a gente não se deve culpar ou ao outro por isso.. Conta comigo sempre, viu? E eu vou perturbar!! =))) Eu sei que conto com você.. Beijos Pandrea.

 
At October 06, 2005 , Anonymous Anonymous said...

Hoje tava dando uma volta pelas Americanas e vi um filme, parece que tinha algo como "do mesmo diretor de Um sonho de liberdade". Lembrei do DVD que eu, cara de pau, ainda não devolvi, e de como tu é uma pessoa legal pra caralho que ajudou a salvar uma alma perdida.

Dando uma passada por aqui, li esse texto. Bom você ter auto-crítica, mas você é melhor do que imagina ser, acredite.

Beijo grande pra ti, cocota. :)

:*********

 
At October 06, 2005 , Anonymous Anonymous said...

Rumh.
gostei do texto.
e gostei do blog, sist.
vou passar a frequentar mais isso aqui. =)

beijo beijo.
sister menor. \o

 
At October 10, 2005 , Anonymous Anonymous said...

humm.. o que dizer?
acho que você deveria pensar bem antes de escrever isso.. principalmente porque nem tudo que você escreveu é assim.. tudo bem, é o seu ponto de vista. você tem todo o direito de se sentir "injustiçada" ou qualquer coisa parecida, mas as coisas não aconteceram como você falou. acho que cairia bem uma reflexão sobre as suas atitudes, afinal como você mesmo disse: as pessoas têm uma imagem diferente do que você é, mas você simplismente espera que elas adivinhem como você está se sentindo e façam algo a respeito.

 

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