Saturday, November 19, 2005

é.

hoje acordei e vi tudo azul. aquele azul marinho. escuro.
parecia que eu estava olhando pra tudo com aquele filtro que colocam nos filmes, daí filma de manhã e parece que é tarde. é tarde, pra quem vê. pra mim, muito tarde.
pensando bem, as coisas vêm entardecendo faz algum tempo nos meus dias. mas eu estava até gostando. eu gosto dos tons alaranjados de fim do dia. mas o fim do dia dura pouco. e aí já é tarde.

recordo perfeitamente do tempo em que eu era uma menina serelepe, feliz e saltitante. não que eu fosse assim sempre porque tudo estava ótimo. mas eu lidava com as coisas de uma maneira mais fácil, tudo eu resolvia, tudo tinha jeito, criatividade era a chave, tudo era motivo de festa e todos eram meus amigos. mas fui levando alguns tombos e passei a pular um pouco menos, externar menos minhas alegrias, me preocupar mais com tudo e perdi meu posto. fui ficando mais séria, mais tensa, estressada, mostrando mais defeitos que qualidades, brigando, desfazendo amizades e ficando sem muitas idéias. já não tenho mais muitas forças para lutar contra.
lembrei de quando assisti ray e me senti igual. ray charles foi perdendo a visão aos poucos. a vista foi ficando desfocada, cada vez mais embaçada, até que enfim, ele cegou. mas sua boa mãe treinou todos os seus outros sentidos para que a visão fizesse o mínimo de falta possível.

no meu caso, não fui treinada. o que me deixa em absurda desvantagem.
não saber é ruim. sinto que vou perdendo coisas, pessoas, lugares, lembranças, vontades, momentos, vida. e quanto mais eu perco, mais peso tenho. no colégio tinha que somar pra pesar mais. aqui, o vazio estrapola os limites da minha pequena balança. imensurável.
e, além de tudo, não sei o porquê. talvez saber o porquê das coisas seja conforto. conforto que eu posso me acusar raríssimas vezes de ter tido.
bombas são feitas para explodir.
relógios para tictatear.
borracha para apagar.
música para dançar.
ditador para mandar.
bem ou mal, na vida tudo tem um propósito.
não sei qual o meu. e sinto que já é tarde.
preciso de algo que não sei o que é, onde está, como procurar.
e aí, a outra de mim diz: fica difícil, né. é.
paramos aqui.

4 Comments:

At November 20, 2005 , Blogger Pandrea said...

Sam, sam!! Não fica assim. Você é uma pessoa linda, amiga e extremamente resolutiva! A vida leva e traz as pessoas, algo como ondas, umas mais longas, outras mais curtas. =) Conta sempre comigo, na hora em q precisar e mesmo quando não precisar. Eu gosto muito de você. Vamos conversar? Acho q ajuda, neh? beijos!!!

 
At November 20, 2005 , Anonymous Anonymous said...

Samantha, tenho pensado um bocado sobre como minha vida já teve dias mais fáceis. Facilidade é bom, é muito confortável, mas facilidade não é sinônimo de felicidade.

O futuro às vezes fica meio nublado mesmo. Isso também me atordoa e não é pouco, a gente fica sem escolhas e só pode esperar pelo próximo dia, esperar as coisas irem se construindo... e enquanto isso dar o melhor da gente, porque o futuro depende do presente.

É meio fácil falar, mas infelizmente é só o que pode ser feito nessas épocas.

Beijão.

 
At November 20, 2005 , Blogger Carolina Gauche said...

sam todo mundo tem tardes de tristeza. às vezes tenho fins de semana. tudo se ajeitará.lembre-se: certas coisas são efêmeras,o efêmero é curto mas o curto é relativo. o tempo é a chave de tudo. calma, :).

beijokas! :***

 
At November 20, 2005 , Blogger GVale said...

Eu cheguei na tua casa esta tarde todo de azul marinho. Tenho vergonha! Desculpe-me...

 

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