Saturday, August 12, 2006

ter noção dos ciclos incomoda - parte 1 (não sei se tem outras partes, ok?)

...e é então que você acaba simplesmente se dando conta de que você num período x de tempo vivido já passou por situações únicas, porém dentro de alguns grupos de sentimentos parecidos: decepções, alegrias, superações, surpresas, altos, baixos, realizações, perdas, ganhos e vai.
e aí você percebe que já sabe exatamente como lidar com estas situações, sendo boas ou ruins.
mas, vem também aquele sentimento de que mesmo você sabendo agir em relação aos acontecimentos isso não alivia nenhuma parte do processo. aliás, de certa forma, talvez seja até pior.
alguns amigos meus conversam bastante sobre futebol e tem todo aquele lance da torcida e quando o time é rebaixado é de lascar e etc. tenho um amigo que leva tudo na esportiva e numa dessas conversas ele soltou assim:
-ah, foi até legal quando o meu time foi pra 2a divisão, a torcida começou a ver o time ganhar novamente! afinal, quanto menor sua expectativa mais fácil superá-la.
eu tento, sinceramente, me lembrar todo dia de que a grande desvantagem de pensar desta forma é que enfim, você pensa pequeno.
por outro lado, de grão em grão talvez se consiga mais. mais alegrias pequenas talvez seja melhor do que uma felicidade gigante. não sei. na verdade, até sei. eu sei que em algum momento é mais interessante agir da forma 1 ou 2, vai depender do estado de espírito.
e esse estado de espírito muda de acordo com os acontecimentos, que depois de um tempo determinado x você já conhece, sabe o que acontece e sabe o que precisa fazer e também que o que acontece se não fizer e tudo acaba sendo uma questão de escolha.
e isso é que me incomoda.
que antes a magia do ser humano me parecia ser que não existem os ciclos porque nós pensamos e podemos escolher e aprendemos. até o fato de se recusar a aprender é gerado por um pensamento e é uma escolha que prioriza alguma outra coisa que nos parece ser mais importante em algum instante. e tudo em nós causa alguma reação, nem que seja simplesmente a reação ignorar ou sentimento de repulsa. mas é uma reação ainda assim.
antes uma expectativa boa, a sensação da possibilidade e tudo o que isso gera no dia-a-dia, do que a certeza de saber como tudo vai acontecer exatamente.
é como poder apertar o foward do dvd da sua vida porque você já tem conhecimento do que virá pela frente.
infelizmente, nem querendo muito, andamos para trás (o controle veio sem o rewind). se você não vê em nenhuma parte um futuro interessante, complica.
por isso que eu estou quase concluindo que você chegar à uma fase muito madura de auto-conhecimento pode não ser nada bom. isso pode inclusive gerar reações diversas ao que você realmente é com o objetivo de fazer com você não se conheça mais, mas aí não é mais você, e isso também complica.
bom, no final de tudo ter noção dos ciclos me incomoda. e me incomoda saber que por mais que eu queira mudar o ciclo, o máximo que vai acontecer é entrar em outro ciclo, porque já é esperado que o ser humano não se contente e não seja um ser que age pela inércia.
acabacaram-se as surpresas, e eu gostava delas.
mesmo quando era uma surpresa ruim, pelo menos tudo que tinha sido conseguido até então tinha gerado alguns bons momentos e talvez por isso se diga hoje que de tudo dá para tirar algo bom ou uma lição.
já não existe mais a lição, ela já foi aprendida. restou pouco.
e aqui estou entrando em outro ciclo, que aquele de simplesmente deixar a vida ser como ela está e acreditar que a maneira que eu vivo é ok. e já sei que daqui umas semanas ou meses vou estar reclamando porque me acomodei e o tempo que eu não tentei ou aproveitei não volta mais e quantas oportunidades eu não devo ter perdido e blá blá blá.
é, pensar de menos faz mal. pensar demais pode ser ainda pior.
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hope leaves - opeth

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